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1 de agosto de 2008

Rogers Cup - Tier I , $1.340.000 WTA

Terminou a caminhada de Michelle Brito em Montreal, num dos torneios mais conceituados do Mundo e dotado de 850 mil euros em prémios.
Perante a russa Svetlana Kuznetsova, quarta jogadora mundial, a portuguesa (169.ª do “ranking” mas já com um salto de mais 30-40 lugares assegurado) vendeu cara a derrota, mas acabou por ceder em três “sets”, com parciais de 5-7, 6-2 e 4-6. Ainda assim, ficou mais uma excelente participação da jovem portuguesa de 15 anos que, em definitivo, se assumiu como uma próximas estrelas do circuito mundialComo sempre, Michelle entrou sem qualquer complexo de inferioridade.
Mesmo sabendo que do outro lado da rede estava a quarta melhor jogadora do Mundo, a portuguesa fez questão de actuar “olhos nos olhos” desde o primeiro ponto. E pese ter servido de entrada (o que é sempre difícil para quem não é especialista nesse gesto) garantiu o 1-0.
Porém, tal como sucedera na véspera diante da italiana Flavia Pennetta (18.ª mundial), a jovem lusa cedeu na segunda vez que serviu. E não logrou responder de imediato. Kuznetsova, muito poderosa, avançou para 3-1 e parecia decidida a não correr riscos perante o mais recente fenómeno do ténis internacional.Só que, tradicionalmente, Michelle consegue encontrar forças quando, aparentemente, nada está a seu favor. E foi o que sucedeu nos minutos seguintes, perante a estupefacção da adversária e, claro, do público canadiano. Determinada, a lisboeta que há meia dúzia de anos arrancou para os Estados Unidos (tinha 9 anos), segurou o jogo de serviço (2-3) e recuperou a confiança. De tal forma que, num ápice, fez o primeiro “break” (3-3), voltou a não tremer no seu saque (4-3) e repetiu a façanha de destruir o serviço da renomada opositora (5-3).
Contas feitas, Michelle serviu para fechar o primeiro “set”. E foi aí que as coisas abanaram. Kuznetsova chegou a 40-0, mas a portuguesa não estava pelos ajustes. Com uma serenidade olímpica, raramente vista em atletas de 15 anos, anulou a desvantagem e teve mesmo ponto para 6-3. Só que falhou. E à quinta tentativa, a russa assinou o “break” e reduziu para 4-5.Visivelmente abalada com o sucedido, Michelle baixou de produção. E Kuznetsova, experiente, aproveitou. Somou mais três jogos, aplicando vários “ases” pelo meio, e conclui um primeiro “set” tremendamente desgastante.
Temia-se que a jovem lusa não recuperasse da desilusão a tempo de se bater pelo segundo “set”. Mas, claro, Michelle já tinha engendrado mais uma das suas reviravoltas típicas. E esta foi simplesmente brilhante, tendo em conta o poderio da adversária.A portuguesa começou ao serviço e não vacilou. Kuznetsova respondeu de igual forma e Michelle voltou a estar segura no 2-1. Os serviços imperavam. Até que, ao quarto jogo, a adolescente “atirou-se” com todas as forças. Fez o “break” (3-1) e confirmou-o logo de seguida (4-1).A russa ficou atónita. Ainda reduziu (2-4), mas Michelle estava embalada. Os dois jogos seguintes foram totalmente dominados pela portuguesa que, contrariando as previsões, conseguiu recuperar animicamente e fechou um “set” perante uma das melhores atletas da actualidade. Depois de Serena Williams, também Svetlana Kuznetsova ficava a “conhecer” a portuguesa de 15 anos...
Era preciso recorrer, mais uma vez, “à negra”. Michelle, em teoria, estaria mais confiante, mas também mais cansada, não só pela tenra idade, mas essencialmente devido ao desgaste acumulado (este era o seu quinto embate na prova, enquanto a russa cumpria somente o segundo).Embora com os habituais “soluços”, a portuguesa começou outra vez a servir bem e fez o 1-0. E, logo depois, chegou a ter 40-30 para o “break”. A oportunidade para o 2-0 foi real mas, pior que não ter acontecido, é que Kuznetsova adiantou-se pouco depois, vencendo um jogo de serviço da portuguesa sem que Michelle tivesse feito um único ponto.O duelo entrou numa fase “louca”. É que Michelle devolveu o “break” logo à primeira oportunidade mas, no serviço seguinte, voltou a desorientar-se, deixando a russa fugir para 40-0. Ainda fez dois pontos, mas Kuznetsova marcou o 3-2. Mas, o que é que aconteceu a seguir? A portuguesa sofreu mas, à quarta tentativa, voltou a quebrar o serviço da opositora!!!Mas, decididamente, a portuguesa não atinou com o serviço no terceiro “set”. E foi quebrada pela terceira vez consecutiva no sétimo jogo (4-3). Depois, após tantas quebras de serviço, Kuznetsova “disparou” mais uns “ases” e avançou para o 5-3.Michelle, já com honras de directo no Eurosport, serviu muito bem no nono jogo e ainda reduziu para 4-5. Mas já era tarde. A russa estava cada vez mais segura e voltou a apoiar-se no seu serviço (14 “ases”) para, depois de 2.15 horas de intensa lusa, fechar o parcial e partida com 6-4.
No final, a portuguesa recebeu estrondosa ovação. O público reconheceu a qualidade do seu jogo, a forma abnegada como se bateu. E as estatísticas dizem que somou 98 pontos contra 103 de Kuznetsova. Efectivamente, a diferença não foi grande. E se aquele primeiro “set” tivesse caído para o seu lado...
In: www.record.pt

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