Michelle Brito mantém atributos que poderão levá-la ao topo do ténis mundial, mas só é um símbolo de precocidade à escala nacional. A Academia Bollettieri, onde militou entre os 9 e os 15 anos, diz que será uma futura Monica Seles ou Maria Sharapova, mas fazer como Capriati, que aos 13 anos já andava em meias-finais de torneios do WTA Tour, não será possível.
Aos 16 anos, perto de completar 17 em Janeiro, a portuguesa radicada na Florida ocupa o 112.º posto mundial, bem melhor do que Caroline Wozniacki com a sua idade - e a dinamarquesa é actualmente, é a mais jovem top-ten do WTA Tour. Michelle não deverá preocupar-se com o facto de, desde Agosto só ter ganho um encontro (no US Open) em seis torneios disputados.
Mas é preciso perceber que a juventude não é eterna e no ténis feminino uma atleta com mais de 20 anos que não tenha brilhado começa a ser olhada por patrocinadores e torneios como ultrapassada. As escolhas que Michelle e o seu pai, António, fizerem entre os 17 e os 20 anos serão determinantes. Depois da sua vitória no Orange Bowl (Mundial oficioso de sub--18), defendi que preferiria vê-la como candidata aos torneios do Grand Slam de juniores. Vi-a, com pena, desistir desse objectivo.
Será mais importante para o seu futuro o enquadramento técnico. A recente saída da Academia Bollettieri e o acordo com a Academia Moratoglou, em França, parecia uma solução.
Numa entrevista que Patrick Moratoglou me concedeu, o empresário e treinador francês garantiu que António Brito seria o principal responsável mas Michelle teria um parceiro de treino 20 semanas por ano e poderia recorrer aos técnicos da Academia, entre os quais os antigos treinadores de Roger Federer, o sueco Peter Lundgren e o australiano Tony Roche.
Passado um mês, foi com apreensão que li no l'Équipe o francês dizer que, afinal, a ligação entre as duas partes "é ainda um pouco vacilante", provavelmente devido à atitude demasiado independente que o Team Brito já manifestava em relação a Bolletieri.
É pena, porque enquanto Nick Bollettieri tem de ser comercial, por depender do IMG que comprou a sua academia, Patrick Moratoglou é membro da (família) 47.ª fortuna francesa, avaliada em 612 milhões de euros e tem investido no ténis com o objectivo de "formar n.º1 mundiais e campeões do Grand Slam" sem olhar a meios.
Tony Roche (também antigo treinador de Ivan Lendl e Lleyton Hewitt) recebe entre 300 mil e 500 mil euros por ano!
Marcos Baghdatis, finalista do Open da Austrália em 2006, sabe o que valeu o apoio deste mecenas de 39 anos.
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