Numa altura em que se disputa o Campeonato Nacional de sub-18 e se aproxima o Nacional Absoluto, criou alguma discussão neste blog a questão de se saber se os miúdos que hoje nos dão muitas alegrias conseguirão no futuro seguir os passos de Frederico Gil ou de Frederica Piedade.
Pois bem, parece-nos pertinente reforçar um pouco a nossa opinião sobre o actual momento do ténis português, num texto longo mas que se quer passível de análise e discussão.
Começamos pelo mais importante: os clubes.
Infelizmente em Portugal contam-se pelos dedos de duas maõs os clubes que teêm demonstrado algum rigor e profissionalismo na sua atitude perante o ténis, factos estes provados pelos resultados, não só no ténis sénior mas, e se calhar mais importante, no ténis juvenil.
Sem querer ser polémico, alguns nomes merecem particular destaque:
O CETO, em Oeiras será, por estes dias, o clube mais representativo do que de melhor se faz em Portugal, não só por causa de Frederico Gil e Rui Machado, não esquecendo o Vasco Antunes, o Diogo Mota, o Gonçalo Falcão, o Paulo Joaquim ou o Manuel Cavaco mas também por jovens como o Francisco Franco Dias, Tomas Valle Costa, Hugo Moraes, Danyal Sualehe, Francisco Charters, João Barra ou Pedro Lopes, sendo que nas meninas, os nomes mais representativos serão Charlotte Pires, Ana Curto, Maria Guerreiro, Joana Valle Costa e Sofia Sualehe.
Temos pois aqui um leque para a equipa de João Cunha Silva trabalhar, algo que teêm feito de forma quase irreprensível, como se demonstra pelos últimos resultados do Frederico, do Rui ou do Francisco Franco Dias.
O Ace-Team, dirigido pelo Prof. Pedro Bívar aposta sobretudo nos escalões mais jovens e tem na Patricia Martins o seu nome mais sonante. Mas começam a despontar novos nomes que nos poderão dar muitas alegrias no futuro: Inês Miranda, Beatriz Bento, Nuno Deus, Miguel Deus, Pedro Ferraz, Sofia Araújo e o Gonçalo Pacheco , sendo que nos mais velhos, alguns nomes merecem destaque, como são os do grande Hugo Anão ( que merecia, mais do que ninguém ser chamado à Taça Davis), Tiago Godinho, Tomás Morais.
Mais a norte, o destaque para o Clube de Ténis do Porto, onde o grande Nuno Marques está a construir valores importantes do ténis português, sendo que o nome de Maria João Koehler saltará para a ribalta muito mais depressa do que esperamos todos. Mas o clube da Invicta tem outros nomes importantes: Leonardo Tavares, Margarida Moura, Diogo Rocha, Nuno Bastos, José Alves, Miguel Cortez, Bruno Soares, Raquel Mateus, Francisco Ramos,Francisca Matos, Mariana Clemente, Maria João Santos, Beatriz Matos e nos mais novos, Ivo Rodrigues e Mafalda Fernandes.
Ainda no Porto, um outro clube que está a efectuar um excelente trabalho, sobretudo nos mais novos: o Sport Club do Porto. Salientamos os nomes de João Monteiro, José Tinoco, Rui Lima e Inês Xavier.
No Algarve, destacamos o CT Faro com jovens como João Ferreira, José Ricardo Nunes, Melissa Capitão, Rita Correia e Luca Barbosa, o Tavira RC, com nomes como Ricardo Jorge, Ana Claro, Margarida Fernandes e Ivone Alvaro e o CT Portimão Rocha, com André Coelho, Ricardo Marreiros, Fábio Gomes e Bruno Ferreira.
Um dos clubes de menos nomeada que tem apresentado excelentes resultados é o Ginásio Clube Português. Se falarmos dos nomes de José Maria Moya, Henrique Batista, Teresa Lobo percebemos o porquê deste destaque.
Depois não convém esquecer outros nomes que representam clubes mais pequenos mas cujo o trabalho de fundo é muito bem feito e cujos os resultados irão aparecer no futuro: do SC Alberto Sousa, Zé Maria Dória; do Miravillas TC, Rafael Marques;da ET Nuno Alegro, Luisa Almeida; da AA Coimbra, Rita Vilaça e Matilde Fernandes; do CT Lagos, Diogo Rodrigues e Sean Hadden; do CT Agueda, Filipe Teixeira; do CT Coimbra, Maria Palhoto; do CT Jamor, Maria João Severino, Miguel Aragão,Vasco Valverde e Tomás Mendes; da ET Espinho, João Magalhães, Inês Barbosa e Joana Pangaio; do CIT Leiria, Cátia Rodrigues, Pedro Rodrigues, André Caiado e João Fazendeiro; do TC Figueira Foz, Diogo Monteiro; do CT Torres Vedras, Francisco Jordão; do CT Caldas da Rainha, Frederico Silva e José Maria Catela; do CIF, Pedro Sousa, Gonçalo Loureiro e André Silva; do CT Estoril, Vasco Mensurado e Eduardo Paulo; do Vilamouraténis, Daniella Silva;do Cracavelos Ténis, Barbara Luz; do Sassoeiros, Neuza Silva e da ATJ Stewart, Katia Rodrigues e Demi Rodrigues.
Por certo ainda nos esqueçemos de mais uma dezena de jovens promissores mas por aqui se vê que matéria prima não nos falta.
A acrescentar a estes nomes que por cá competem, não nos podemos esquecer de Gastão Elias, Michelle Larcher de Brito, Martim Trueva, João Sousa, Frederico Marques, Nathalie Gunthard, Magali De Lattre, Ana Catarina Nogueira, Frederica Piedade e Catarina Ferreira.
Se temos massa humana, onde estará o problema?
Obviamente que tirando raras e honrosas excepções, a grande maioria dos clubes nacionais não possui equipamentos e campos de ténis em quantidade e qualidade mínima para promoverem este desporto como gostariam. Faltam apoios, estatais e, sobretudo, privados, para os dotar de mais e melhores condições, a que se deverá acrescentar um grande déficit que ainda existe nas qualificações teóricas e practicas de muitos treinadores e orientadores desportivos que deambulam nos nossos clubes.
Finalmente e seria por aqui que deveria começar uma " silenciosa revolução", os orgãos dirigentes, associativos e federativos, em Portugal.
Vamos ter eleições na Federação e, até ver, não nos chega, vindo dos mais diversos quadrantes, candidaturas em número e em qualidade suficientes para podermos estar descansados para o futuro.
Existe, entre muitas associações e a Federação, um voltar de costas verdadeiramente inadmissível, bem como diversas quezilias entre associações que em nada valorizam o ténis nacional e que atrasam, quiça irremediavelmente, a evolução deste desporto em Portugal.
Neste caso infelizmente, os sucessos recentes do Frederico, do Rui, da Neuza e da Michelle tem abafado estas relações perigosas que necessitam de ser rapidamente eliminadas.
Mesmo as grandes marcas desportivas, que nos outros países suportam os grandes clubes e mesmo as federações nacionais, assustam-se, por certo, quando se apercebem da falta de organização que é patente, sobretudo na FPT, e que teve o seu epílogo no Masters de 2007, quando se chegou à conclusão que não havia dinheiro para pagar os prémios aos jogadores.
Depois temos um circuito FPT/CIMA defunto e não sabemos se em 2009 haverá sequer uma continuação.
Queixam-se os clubes e os tenistas ( mas, até ver, sem ouvidos por parte das associações ) que existem muitos torneios, na sua maioria de nível C e cuja pontuação é irrisória e desmotivadora.
Existe uma grande fatia do ténis feminino em agonia, o que se prova por só termos 27 tenistas inscritas no Nacional Absoluto!!!!.
Os rankings chegam tarde e a más horas e sempre como erros quase grosseiros, a informação não passa para o exterior ( e aqui eu sei do que falo ), sendo que será importante referir que o PNDT terá sido, pelo menos para o olheiro distraído, a única coisa boa que foi feita nos últimos dois anos em Portugal e ainda assim, sem a devida repercussão no exterior, fundamental para atrair público e patrocinadores.
Neste final de época, seria importante que os principais players do ténis em Portugal agregarem-se de volta de uma mesa para uma discussão séria que terá que partir do pressuposto de que, como provei em cima, estes miúdos de 12, 13 e 14 anos não tem nem podem ter a culpa que os mais velhos sejam burros e teimosos e que continuem a colocar à frente dos interesses dos jovens tenistas nacionais, os seus próprios interesses, sejam eles válidos ou não.
O ténis é de todos e para todos e deverá perder, rapidamente, esta capa de desporto elitista, que afasta os menos capazes financeiramente, de entrar neste mundo que tanto gostamos.
Um último recado para a Comunicação Social: se não fosse a Michelle, o Gil e o Rui de pouco se tinha falado de ténis este ano em Portugal. Folheando os jornais nacionais, dificilmente encontramos referências aos diversos campeonatos nacionais que tem decorrido desde do inicio de Agosto. Se retirarmos o Manuel Perez no O Jogo e o Norberto Santos, no Record, é o marasmo total.
A informação é o poder do século XXI. Era bom que a FPT, as Associações e os clubes olhassem para esta permissa e iniciassem um trabalho de fundo para obrigar os orgaõs de comunicação social a olhar para o ténis de uma outra forma. A internet está aí, para todos e apenas alguns retiram dela o melhor que a mesma poderá oferecer.
Cá estarei, no meu cantinho, a tentar fazer a minha parte. Logo outros sigam este exemplo.
Para bem do Ténis e para bem de Portugal.