O nosso amigo Flávio andou pelo Estoril Open e traz-nos uma visão na 1ª pessoa do encontro imediato de 3º grau com a nossa mais do que tudo.
Vai-me , por certo, perdoar a inconfidência de tornar público um sentimento que por certo, a muitos outros aconteceu.
Para Michelle, acredita miúda, estamos todos contigo, nos bons e sobretudo nos menos bons momentos.
Uma sugestão: não arranjavas aí, na tua fatiota de jogo, um espaço pequenino para colocares a bandeira de Portugal?
Flávio dixit:
Foi com uma enorme vontade que me dirigi hoje ao Estoril Open.
Pela primeira vez, iria ver jogar, ao vivo, a pequena grande Michelle,longe dos habituais live scores que sigo pela internet para saber como está a correr este e aquele jogo.
A caminho do central, vejo-a passar em direcção à zona de jogadores.
Cresceu...pensei eu, em comparação à última vez que a tinha visto o ano passado, no Estoril Open.
Começou o jogo e tudo corria de feição.
Calculei que a segunda partida fosse rápida. Boa movimentação, pancadas fortes.
Contudo, Mamic apercebeu-se do jogo unidimensional que Michelle praticava e apostou na consistência.
Os erros começaram a aparecer. Faltaram, como ela posteriormente acabou por dizer, os slices e os amorties.
Entre um forte apoio do público, os pais que diziam à sua filha para ter mais calma no jogo, e uma Michelle que efusivamente gritava "vais", "vamos"e "calma", numa demonstração de querer dar a volta ao resultado, o público do central acreditou que seria possível.
Nada a que não estejamos habituados naquela miúda. E de facto, tudo indicava que sim- reduziu de 2/5 para 4/5. Entretanto, Michelle vai servir e acaba por consentir o break e o encontro. Pela primeira vez, um atleta fez-me chorar.
Mas, o público soube consolar a menina prodígio e, com um forte aplauso, de pé, mostrou estar do seu lado e reconheceu o que ela já fez, na sua tenra idade. Sabia que não era o momento certo, mas queria muito que a Michelle me assinasse uma foto sua e demonstrar-lhe como gosto dela e o quão estou grato pelo que já fez.
Estava sozinha, ladeada por dois seguranças. Não hesitei e lá fui. Congelei, como que um adolescente que vê o seu ídolo (tenho 21 anos). Os sorrisos a que nos habitou eram, hoje,lágrimas por sentir a derrota caseira. Felicitei-a por tudo o que já conseguiu, agradeci-lhe a felicidade com que me presenteou com as suas vitórias e disse-lhe que tem um futuro pela frente.
As suas lágrimas,que se aguentavam, acabaram por cair.
Agradeci-lhe mais uma vez, por gentilmente ter acedido ao meu pedido.Fui embora com a certeza de que mais que uma grande jogadora, está ali uma pequena grande mulher que ama o seu país natal e que tudo fará para orgulhar os portugueses.
Para o ano há mais.