Realizou-se neste fim de semana mais um estágio das selecções nacionais de sub-12 a sub-18, no Complexo de Ténis do Jamor.
O blog esteve lá no Sábado, a dar uma espreitadela e pode ver, com toda a certeza, o conjunto de tenistas que irão dar aos portugueses muitas alegrais no futuro.
Dispersos pelos campos de terra batida, os miúdos estiveram a ouvir atentamente as recomendações dos seleccionadores de cada escalão e puderam ensaiar algumas trocas de bolas mais a sério, aqui e ali, a cheirar a competição.
Muito se opinou sobre os nomes que estiveram no Jamor e outros tantos que não estiveram.
Opinou-se sobre os critérios de selecção mas poucos se lembraram que , para estes estágios, os critérios são muito simples: o seleccionador escolhe, ponto.
Se escolhe bem ou mal, não sei nem nunca ninguém saberá, pois é para assumir esse risco que o mesmo exerce essa função.
O seleccionador não tem, obviamente, que olhar para os rankings, pode até ter, para um determinado estágio, a intenção de observar, por exemplo, apenas jogadores esquerdinos.
Os critérios regulamentados servem para as convocatórias oficiais da selecção e não para um estágio que servirá mais para engrandecer o espirito de grupo entre os atletas do que para retirar quaisquer ilacções, técnicas ou tácticas, sobre este ou aquele jogador ou jogadora.
Sejamos francos, todos nós somos seleccionadores e todos nós teríamos mais meia dúzia de miúdos que , assim, de repente, nos lembramos que podiam e deviam estar lá.
Mas isso não nos dá o direito de colocar em causa a honestidade individual de cada seleccionador, podemos, isso sim, apesar de ser completamente utópico, descortinar algumas omissões na convocatória.
Uma critica correcta, essa sim, a que foi feita para a aparente não presença dos seleccionadores nos torneios mais importantes de cada escalão, durante o ano. Convem questionar, desde logo, se tais deslocações farão parte da sua função, até porque todos ou quase todos tem outras obrigações profissionais nos seus clubes. Se esta dupla função não deveria acontecer, já é mais discutível, mas aceito que , no futuro, logo que as condições financeiras da FPT o permitam, se possa exigir exclusividade no cargo de seleccionador nacional, mas, nestas condições, seria , de certeza, não ter um único seleccionador.
É necessário, pois, um esforço acrescido de todos os intervenientes.
Os pais, dos que são e dos que não são convocados, devem entender que o trabalho de cada um dos seleccionadores é individual e não se compadece com o resultado do torneio XPTO ou se este ou aquele nunca ganhou ao outro.
Os jogadores, os que lá estiveram, que aproveitem cada segundo destas reuniões, absorvam e analisem, cada um para si, o que está bem e o que podiam estar melhor e não se coibam de o apontar, a quem de direito.
Os seleccionadores deverão ter uma atitude mental forte e suportar o peso de uma responsabilidade que, sendo inerente ao cargo, acarreta sempre profundas discussões sobre o mérito ou não das suas escolhas. Seria tão mais fácil se, de uma forma ou de outra, se mostrassem mais , percorrendo vários torneios, em vários locais, recolhendo toneladas de informação, para que possasm, mais tarde, a doer, decidir em consciência.
Para a FPT, a nota final.
Todos nós conhecemos as dificuldades orçamentais por que passa a FPT. À dificuldade de encontrar parceiros financeiros de longo prazo, junta-se a crise globalizada que assola o mundo inteiro e, como estamos em Portugal, o desporto será, mais uma vez, um dos que verá cortada a verba disponível para 2009.
No entanto, algumas, pequenas coisas, podem e devem ser feitas.
A comunicação para o exterior deve ser melhorada rapidamente, para evitar aquele episódio lamentável de colocar uma tenista na convocatória bem depois de a mesma estar disponível ao público, criando, desde logo, possibilidades de se levantar suspeições aqui e acolá. Por outro lado, não nos parece normal que não tenha sido distríbuida a cada um dos miúdos presentes, uma T-Shirt alusiva ao facto. Não sei se o foi mais tarde, mas o impacto que daria a alguém que, como eu, passou pelo Jamor no Sábado de manhã, seria demais importante. Quem não soubesse, poderia até pensar que era mais um dia normal de treinos no CT Jamor.
Vamos aguardar serenamente pelos próximos eventos semelhantes e verificar se estas pequenas coisas são corrigidas e não seria nada de extraodinário se tal acontecesse na próxima convocatória até porque SÓ estamos a lidar com o futuro do ténis em Portugal.