Recebi, felizmente,muitas reacções ao texto que escrevi sobre o fim de semana que passei com os traquinas do Norte, no estágio da AT Porto.
Podia, como óbvio, destacar muitas das coisas que vivi e senti durante essas 48 horas mas decidi, conscientemente, falar do relacionamento dos pais com os seus filhos.
Porquê, muitos me perguntaram, inclusivé alguns dos pais com quem falei no local.
Como referi, também sou pai e, como todos os que o são, quero o melhor para a minha familia e quando se trata dos mais pequenos, então, movemos este mundo e o outro para que nada lhes falte.
No entanto, presenciei um contraste absurdo, onde a alegria dos miúdos se opunha a caras carrancudas dos pais, muitos dos quais até surpresos com a incapacidade do seu filho em devolver aquela bola tão fácil.... pois, quando muitos dos pais nem praticantes de ténis são.
Verifiquei, mais vezes do que esperaria e, porque não dizê-lo, gostaria, os miúdos a não ter outra opção que não o desespero de não conseguir agradar ao pai que, de punho cerrado, gritava, que nem " Nadais" de trazer por casa um " vamos " que de incentivo só tinha de aparência porque de resto, só vendo.
Mão amiga fez-me chegar um pequeno texto, compilado pelo Instituto de Desporto de Portugal, onde são dados alguns conselhos aos pais de crianças que praticam desporto. Esta documentação, ao que apurei, também é dada aos pais dos miúdos envolvidos nos estágios que a ATPorto efectua.
Poderá ser este, talvez, o mais importante post que este blog já publicou, portanto é bom que o mesmo seja lido com atenção.
Assim sendo:
Sabemos que estão dispostos a fazer tudo pelo bem-estar dos vossos filhos.
Sabemos também que costumam acompanhar a actividade desportiva que eles realizam e que gostam de lhes proporcionar uma experiência agradável, de os encontrar satisfeitos depois dos treinos e das competições, de os ver obter resultados acima da média e ganhar as provas ou os jogos em que participam.
Pois bem!
Gostaríamos de recordar que o vosso comportamento e a maneira como os acompanham na prática desportiva quotidiana que eles realizam, vai condicionar os efeitos dessa presença, podendo mesmo, sem querer, estar a minimizar os potenciais efeitos positivos que o desporto lhes pode trazer, transformando-os em influências desagradáveis, ou mesmo prejudiciais, para a sua correcta formação.
É certo que não estão sozinhos nessa responsabilidade treinadores, dirigentes, árbitros, amigos e adeptos em geral, cada um à sua maneira e de acordo com a sua área de intervenção compartilham desse dever, que é tanto social como desportivo.
Treinador, pai e jovem praticante formam mesmo o triângulo básico deste tipo de prática, sendo o correcto relacionamento que se estabelece entre eles, um argumento determinante para a qualidade da experiência vivida e para o tipo de benefícios que o desporto lhes proporciona.
A dimensão destes benefícios passa, em certa medida, pela forma como os pais o acompanham, pela maneira serena e comedida como o ajudam a viver o seu dia a dia, pelo modo como colaboram nos momentos de alegria e de tristeza que eles, certamente, irão encontrar.
Nestas circunstâncias, de que maneira é que os pais podem contribuir para que os seus filhos vivam momentos agradáveis quando praticam desporto, beneficiando de tudo aquilo o que essa actividade lhes pode proporcionar, para a sua formação tanto como praticante, como enquanto futuro cidadão adulto?
O que os pais DEVEM FAZER para ajudar os filhos que praticam desporto:.
Estar presentes nas competições em que eles participam;.
Encorajá-los a respeitarem as regras da modalidade e do espírito desportivo;.
Dar bons exemplos através de um relacionamento amigável com os pais e os acompanhantes dos adversários;.
Realçar sempre o prazer de fazer desporto e a alegria de participar;.
Elogiar o esforço realizado e os progressos conseguidos;.
Aplaudir todas as boas jogadas e as marcas alcançadas, independentemente de que as realiza;.
Ajudar a conciliar as suas actividades escolares e desportivas;.
Apoiar e acompanhar a actividade, sem pressionar ou intrometer-se;.
Ter sempre presente que se trata de uma actividade dos jovens e para jovens;.
Ajudar o treinador, o dirigente e o clube na resolução dos problemas relacionados com a actividade desportiva em que está envolvido;.
Ter um comportamento respeitador e comedido perante as vitórias e as derrotas e ajudar os filhos a assumirem semelhante atitude.
O que os pais NÃO DEVEM FAZER para ajudar os filhos que praticam desporto:.
Forçar os filhos a participarem em qualquer actividade desportiva;.
Discutir com os árbitros e juízes;.
Comentar publicamente, de forma depreciativa o comportamento de praticantes, treinadores, árbitros e outros pais;.
Interferir de algum modo no trabalho do treinador;.
Criticar excessivamente os resultados alcançados pelos filhos;.
Ajudar a criar expectativas exageradas sobre o futuro dos filhos enquanto futuros praticantes desportivos;.
Alimentar com elogios fáceis o aparecimento de atitudes de vaidade e de sobranceria;.
Proibir a pratica desportiva, como forma de castigo, em particular face aos maus resultados escolares.
In: IDP